terça-feira, 20 de novembro de 2012

Alfabetização, Letramento e outras coisas mais

Eu sei que a maioria de vocês estão familiarizados com o conceito de alfabetização, analfabetismo e analfabetismo funcional. E de letramento? Vocês já ouviram falar nesse termo?

De acordo com Magda Soares, doutora e livre-docente em Educação, “Letramento é palavra e conceito recentes, introduzidos na linguagem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização”. Ou seja: é letrado todo aquele que é capaz de ler e compreender um texto, e ter um bom domínio da língua escrita. 

Segundo o IBGE temos hoje no Brasil 14 milhões de analfabetos; sendo que a maioria se encontra na região Nordeste. O critério utilizado para avaliar se uma pessoa é alfabetizada ou não, consiste simplesmente na capacidade da pessoa ler e escrever um bilhete simples. Acredito que, se fizessem um estudo avaliando o “letramento” da população esse número seria ainda maior. Mas por que não fazem isso? Simples: é tudo uma questão de imagem. Sabemos muito bem que o índice educacional do Brasil deixa a desejar, se comparado até com os nosso vizinhos. Trata-se de uma incongruência vivermos uma fase de intenso desenvolvimento econômico, mas ao mesmo tempo sermos incapazes de educar o nosso povo de forma eficaz.



É sabido que uma criança sem o alicerce de uma boa alfabetização, provavelmente irá apresentar mais dificuldades no decorrer da vida escolar, do que uma criança que teve uma boa alfabetização: se o aluno não lê bem, consequentemente apresentará dificuldade em entender e aprender aquilo que está escrito nos materiais didáticos. E se esse problema não for sanado logo no início, ficará mais difícil depois quando esse aluno for pleitear uma vaga na universidade. Não acredito muito nesse argumento dado por algumas pessoas que defendem as cotas nas universidades, de que os outros alunos mais preparados irão “puxar” esses alunos com deficiências na base educacional. Não sou contra as cotas, mas eu acho esse argumento, no mínimo, preguiçoso. 

Quanto ao programa do governo de alfabetização de adultos, segundo o sociólogo da educação Marcos de Castro Peres, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), ele apresenta alguns entraves: “Toda uma vida foi construída pela pessoa sem o uso da leitura e da escrita e não é nada fácil mudar isso. Para os indivíduos que são analfabetos até os 15 anos ou mais, definitivamente não é hábito ler e escrever e é impossível se mudar o hábito de vida de alguém somente com oito meses de curso de alfabetização”.

Nos países desenvolvidos não há uma distinção entre “letramento” e “alfabetização”. O ideal seria que aqui fosse assim; que não só alfabetizássemos, mas que também “letrassemos” os alunos. Minto: o ideal seria que aqui não houvesse também essa distinção entre “letramento” e “alfabetização”.



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