sábado, 28 de julho de 2012

Anton Tchekhov e a intolerância religiosa

Anton Tchekhov - famoso dramaturgo e novelista russo - soube como poucos através de suas obras retratar as vicissitudes e peculiaridades da psique humana. Seus personagens apesar de serem, na maioria das vezes, pessoas simples e provincianas; sintetizavam questões universais.

“O Assassinato” é um desses exemplos. Este conto foi escrito já na fase final do autor e narra a história de dois primos: Matviei e Iákov que moravam na mesma casa, mas apresentavam problemas de convivência devido a divergências religiosas. Matviei repreende constantemente seu primo por se recusar a ir à igreja, e preferir praticar os ritos religiosos por conta própria em casa. O próprio Matviei no passado foi um fanático religioso, e por achar que a igreja era dissoluta e os sacerdotes impuros; fundou sua própria igreja. Mas depois, por motivos adversos, se arrependeu; voltou a antiga religião e se mudou para a casa do primo, que por ser herança de família pertencia aos dois.

Matviei achava que não havia salvação fora da igreja e, portanto, devia converter Iákov. Tal proselitismo trouxe desarmonia entre a família; todos na casa passaram a odiar Matviei, pois além de não partilhar da mesma ideologia e interromper suas orações; era visto como uma pessoa de pouca moral, indigno de viver entre eles. Cada um estava tão preso na sua verdade, acreditava piamente que a sua verdade era a verdadeira, que não eram capazes de aceitar e respeitar opiniões divergentes.

Interessante notar no conto, que a intolerância religiosa e o fanatismo podem levar a resultados catastróficas, a ponto de arruinar uma família… Bom, pelo título não fica difícil de inferir. O autor deixa um final “em aberto”, ou seja, deixou um leque de interpretações, de forma que cada leitor possa tirar suas próprias conclusões. Eu interpretei de uma forma, mas não quero induzir ninguém. Caso alguém já tenha lido o conto, ou decida ler; sinta-se a vontade para colocar a sua interpretação aqui nos comentários.



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