segunda-feira, 23 de julho de 2012

Que fique o que era bom

Acho que todo mundo se lembra onde estava, o que estava fazendo, quando soube a notícia da morte da Amy Winehouse. Eu me lembro muito bem. Tinha acabado de almoçar e liguei a TV do quarto, na tela estava bem grande a foto dela; como o som estava muito baixo e a notícia estava no final, não consegui saber do que se tratava. Mas sabia que não podia ser algo bom.

“Você tem que ouvir essa música”, disse uma amiga, toda empolgada, “é de uma cantora inglesa muito boa, chamada Amy Winehouse”. O ano era 2006 e a música “Me and Mr Jones”, os segundos iniciais da música foram suficientes para que eu soubesse, que ela não era mais uma dentre tantas. Eu nunca imaginaria que uma cantora tão jovem e atual pudesse cantar daquele jeito, com uma crueza na voz, que eu só tinha ouvido similar em cantoras antigas; como Billie Holiday e Bessie Smith. Dias depois me surpreendi mais ainda, quando vi o clip de Back to Black: aquele visual retrô, com um imenso beehive na cabeça, os olhos muito delineados… No clip ela enterrava o seu coração. Nada mais coerente para uma mulher que amou muito.

Cinco anos depois eu entrava na internet e via em todos os sites e redes sociais: só se falava da morte da Amy. E quase todo mundo tinha um comentário jocoso sobre o vício em álcool e drogas tê-la levado a morte. Ou tinha algo a dizer sobre o que podia ter sido feito para salvá-la - tarde demais. 

Sinceramente, alimentei a ilusão de que ela pudesse se recuperar quando a vi se apresentando no Grammy de 2008. Ela tinha acabado de sair de uma clínica de reabilitação e seu marido estava preso, mas mesmo assim fez uma das melhores apresentações de sua carreira - cantou muito bem.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=-msccxd66NM]

Infelizmente isso não aconteceu. Amy morreu e junto com ela todo esse talento. Só espero que no futuro se lembrem dela como a cantora, não como a louca drogada que cantava. Amy era humana, portanto, imperfeita e suscetível a falhas; se lembrem das coisas boas, esqueçam as ruins. Que fique o que era bom.

Nenhum comentário:

Postar um comentário