segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sobre A Carne e Cinquenta Tons de Cinza

Muito tem se falado ultimamente sobre o best seller mundial “Cinquenta Tons de Cinza”. Não posso julgá-lo, porque não o li; mas cheguei a ler o primeiro capítulo que está disponível num portal de notícias, e o começo me lembrou um pouco aqueles livrinhos que vendem em bancas de revistas, o qual li uma vez escondida quando tinha uns onze anos. Não me empolgou. Mas não dá pra fazer juízo de um livro só pelo primeiro capítulo; acredito que o resto deve ser bem interessante, porque só isso justifica o fato de ele ter desbancado os livros da saga Harry Potter no número de vendas.

Nisto eu lembrei de outro livro de cunho erótico: A Carne, de autoria de Júlio Ribeiro e publicado pela primeira vez em 1888. Este livro, ao meu ver, é um dos mais interessantes da literatura nacional, porém, infelizmente, pouco se fala dele e do seu autor, que junto de Aluísio de Azevedo figura entre os grandes nomes do naturalismo brasileiro. 

A Carne narra a história de Lenita, moça rica, bonita e bem nascida, extremamente culta e inteligente, a frente do seu tempo; que ao perder o pai vai passar uma temporada na casa de um velho amigo da família. Lá ela conhece Manuel - filho desse amigo - que partilha dos mesmos interesses científicos e intelectuais que ela. Nele ela reconhece um igual, e apesar de ele ter idade para ser seu pai, Lenita acaba se apaixonando por ele (insira aqui um complexo freudiano), sentimento que também é retribuído por Manuel, mas o fato de ele ser casado dificulta momentaneamente a concretização deste sentimento. Mas logo os dois cedem aos instintos, ao desejo e acabam tornando-se amantes. O autor deixa bem explícito na narrativa o fato de que não importa o quão evoluídos nós julgamos ser, no fundo somos meros animais.

O livro peca um pouco pelo caráter cientificista em alguns momentos, mas isto é reflexo da época, onde o positivismo estava em voga, e até da própria estética naturalista. Mas impressiona pela forma em que ele narra as relações sexuais entre Lenita e Manuel, algo bastante ousado para a época e que trouxe bastante dor de cabeça para o autor, quando da publicação do livro.

Por essas e outras eu digo que A Carne é um livro que merece ser lido.

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