quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Dorian Gray versus Dorian Gray

O Retrato de Dorian Gray é um dos livros mais interessantes que eu já li. Este livro escrito por Oscar Wilde, faz parte daquele rol de livros que merecem ser relidos. Ele narra a história de um jovem órfão e rico, cuja extrema beleza atrai o pintor Basil Hallward, que vê nele a expressão de um ideal de perfeição. Eles tornam-se amigos e Basil começa a pintar um quadro dele. Numa dessas sessões de pintura ele conhece Lorde Henry, amigo de Basil. Lorde Henry o fascina com os seus ideais libertários e hedonistas.

Ao se ver retratado no quadro pronto - e percebendo o quão belo é - Dorian se desespera ao constatar que o passar dos anos levarão embora tudo aquilo, e apenas a pintura permanecerá, fazendo-o lembrar do que fora um dia. Diante desta constatação, Dorian faz um pacto macabro. Não será o seu corpo que perecerá com o passar dos anos, e sim o quadro. Dorian torna-se discípulo e cobaia dos ensinamentos de Lorde Henry; dedica sua existência a busca desenfreada do prazer. Afinal, para que comedimento quando se é permanentemente jovem, rico e belo? O livro é quase um ensaio sobre o hedonismo.

O Retrato de Dorian Gray foi recentemente adaptado para o cinema, com Ben Barnes no papel do protagonista e Colin Firth interpretando Lorde Henry.

A linguagem do cinema não é a mesma da literatura. Fato. Todos estamos cientes disto, de que não dá para seguir um livro a risca na hora de adaptá-lo. Alterações são necessárias. Mas eu não gostei muito desta adaptação cinematográfica; a começar pelo ator escalado para interpretar Dorian Gray: completamente diferente fisicamente, do Dorian descrito no livro. Ben Barnes é bonito, mas não detém a beleza angelical do Dorian idealizado por Oscar Wilde. Enquanto no livro o personagem tem a pele alva, cabelos louros e cacheados, e olhos azuis; no filme o personagem tem cabelos e olhos castanhos e a pele um pouco morena. No livro o personagem tem um ar insolente e um tanto birrento de criança mimada; nuance, esta, que não foi captada no filme.

Eu também não gostei muito da interpretação que Colin Firth fez de Lorde Henry. E vocês não sabem como me dói dizer isto! Eu sou fã do trabalho dele há muito tempo, eu comemorei quando ele ganhou o Oscar com o “Discurso do Rei”. É mais um desapontamento do que um desgosto em si. Eu pintei um Lorde Henry diferente na minha mente, quando li o livro. Eu o imaginei como alguém cínico, sarcástico e um tanto zombeteiro; e eu não vi isto no filme. Colin o fez como alguém frio e calculista, desprovido de sentimentos. Não é uma interpretação ruim, apenas não condiz com o que eu imaginei. Talvez se eu não tivesse lido o livro, teria gostado do filme. Dentre estes o único que fez jus ao personagem foi o ator que interpretou Basil Hallward.

Por favor, se alguém leu o livro e viu o filme, me diga se estou enganada.



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